sexta-feira, 5 de junho de 2009

20) Bal à Versailles (Jean Desprez)

O mundo perfeito do luxo extremo...

No mundo da alta perfumeria francesa, Jean Desprez ocupa um lugar à parte, nao só porque se trata de um perfumista no sentido estreito do termo - trabalhou como nariz para outras casas no início do século XX, antes de fundar a sua própria companhia em 1928 (actualmente dirigida pelo filho) -, mas também porque as suas criaçoes se inscrevem deliberadamente no mundo do luxo supremo. Depois de ter criado o capitoso Crêpe de Chine para Millot, lançou sob seu nome, na mesma linha chiprée floral, o mundo clássico Étourdissant, em 1939. Rodeado de artistas famosos, que desenham para os seus perfumes recipientes e frascos sumptuosos, por vezes tao dispendiosos que nao sao comercializados. Jean Desprez é uma daquelas pessoas que consideram o perfume uma verdadeira obra de arte, nada poderá ser suficientemente belo para o conter ou valorizar. Bal à Versailles, perfume ambarin, floral, com toques de especiarias, lançads em 1962, mas que se situa na categoria dos grandes perfumes sedutores e pertubantes da década de 20, constitui a mais perfeita ilustraçao do supracitado. Encontram-se as essências naturais mais nobres na sua composiçao: jasmim de Itália e do Egito, rosas de Bulgária e da Turquia, flor de laranjeira de Marrocos, cássia de Provença, sândalo e vetiver de Java, gomas e resinas do Oriente, âmbar dos mares austrais. É toda uma panóplia do perfumista de grande tradiçao que se exprime nesse líquido, cuja notoriedade jamais deixará de estar ligada a uma imagem de grande requinte. Sete anos após a criaçao de Bal de Versailles, Jean Desprez recorreu ao seu amigo escultor Léon Leyritz para que este criasse um frasco de porcelana de Sèvres com uma tampa de ouro e de prata, apresentado num estojo de pele e de veludo dourado com folha de ouro.