domingo, 17 de janeiro de 2010

38) Anaïs Anaïs (Cacharel)


O MAIS JOVEM DOS GRANDES CLÁSSICOS

Nas décadas de 60 e de 70 do século transacto, a imagem "de moda" de Cacharel era já bastante forte. Nessa época, Jean Bousquet era já um dos dos primeiros a ter compreendido o sentido da expressão "prêt-a-porter". Quem não sonhava com os seus camiseiros em crepom, de cores aciduladas, e com as saias perfeitamente cortadas? Foi em 1970 que lançou o algodão Liberty num esvoaçar de vestidos floridos e românticos. Assim, para dar a réplica perfumada às corolas de tecidos leves, dos quais a fotógrafa Sarah Moon exprime perfeitamente a imagem de doçura e de feminilidade, decidiu naturalemente lançar, em 1978, uma fragrância em perfeita harmonia de ternura e de emoção. A idéia-base era obter um perfume que, além de doce e floral, fosse também inovador: foi uma flor branca que se impôs, o lírio, que exalta simultaneamente uma frescura verde, mas também uma certa volúpia. Para este perfume, foi escolhido um nome de mulher, inspirado em Anaites, deusa do Amor na Pérsia da Antiguidade. Construído ao redor do lírio, Anaïs Anaïs -cujo nome, duas vezes pronunciado, volta como um eco - é um perfume que renova a imagem da feminilidade, da pureza.
Anaïs Anaïs foi rapidamente designado como o mais terno dos perfumes: ternura expressa pelo seu bouquet suave de flores de laranjeira, de jasmin e de rosa, mas também pela ternura retomada pelo frasco de opalina branca guarnecido com um rótulo florido, uma criação de Annegret Beier. Rompendo com a tradição do cristal facetado, a opalina inspira-se nos antigos frascos de perfume, igualmente uma maneira de participar na corrente romântica. Elelito como o perfume de uma geração, em poucos anos Anaïs Anaïs içou-se ao topo das vendas mundiais e manteve o lugar. Inscrito entre os grandes perfumes è imagem das criações da marca de Dior ou de Saint Laurent, Anaïs Anaïs é acima de tudo um perfume "jovem", adotado por cinquenta por cento das pessoas com menos de vinte e cinco anos. Em 1983, passados cinco anos do lançamento, festejou-se o aniversário deste já grande clássico na Bloomingdale's de Nova Iorque. o êxito internacional deste floral romântico, que conheceu glória e felicidade de Paris a Tóquio, passando por Londres e Milão, não seria verdadeiramente completo sem uma consagração americana. O diretor-geral dos Perfumes Cacharel, Pierre Sajor, explicava na época: "Nenhum perfume se torna um grande perfume se fôr um êxito nos Estados Unidos. Ora, o êxito de Anaïs Anaïs resume-se a duas palavras: coerência e qualidade. Coerência na inspiração de uma corrente romântica e o nascimento de um perfume. Um perfume não é unicamente um líquido num frasco, é um ambiente perfumado. Em volta de Anaïs Anaïs criamos um universo feito de encanto e de doçura, com uma linha de toilette completa de cores ternas, com xales, lenços e de cores delicadas".



É a Jean Bousquet que se deve a criação da marca Cacharel, de prêt-a-porter e de perfumes, cuja imagem continua ligada aos rótulos florais e românticos.

sábado, 16 de janeiro de 2010

37) Azzaro pour Homme (Azzaro)


O FULGOR SEDUTOR DA MODERNIDADE...

Nascido em Tunes, filho de pais italianos, Lois Azzaro fez os estudos no Sudeste de França e mudou-se para Paris em meados da década de 60 do século transacto, onde se impôs brilhantemente na moda dos acessórios, até Carita lhe ter pedido para criar "alguns vestidos bonitos" para a sua loja. Foi o início de uma notável ascensão, pois Loius Azzaro, simultaneamente criativo e inconformista, imaginou vestidos voluptuosos e sedutores com os quais todas as mulheres belas da época sonhavam. Depois de ter feito o guarda-roupa das bailarinas do Crazy Horse, não passariam a vestir as maiores atrizes, Romy Schneider, Claudia Cardinale ou Jane Birkin? Cativante e instintivo, apreciador dos bons carros, da grande música, da pintura, das flores e do sol, Loris Azzaro não podia deixar de ignorar o intenso poder que os perfumes representam, em consonância com as suas criações.
A sua primeira fragrância feminina, em 1970, tem simplesmente seu nome, com a assinatura de uma mensagem. Oito anos mais tarde, Azzaro pour homme retoma esta simplicidade e orquestra briosamente os aromas e as sugestões que o costureiro privilegia com o mesmo talento, como que um duplo de si mesmo: um homem que faz sonhar, com o encanto das noites de Verão e a alegria das noites de festa. Construído em volta de uma alquimia inovadora, em que se harmonizam mais de trezentos componentes, este perfume maior de sedução masculina, de índole fresca e almiscarada, continua a classificar-se entre os perfumes masculinos mais vendidos do mundo. A respectiva estrutura marcou uma etapa fundamental na família dos fetos reais: as notas principais ambarinas e hesperídeas deixam aparecer um coração fresco e aromático (alfazema e hedione),sobre um fundo ambarino, amadeirado e almiscarado num frasco completamente intemporal.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

36) Eau Sauvage (Christian Dior)



Quando Edmond Rodnitska compôs Eau Sauvage, em 1996, dez anos depois de Dioríssimo ( e sem esquecer a nota de lírio-do-vale que faz a característica do grande perfume feminino da casa), começou por imaginar que se trataria de uma fragrância feminina. Simultaneamente delicado e presente, propondo a audácia (para um perfume destinado aos homens) de notas floridas, até então ausentes das águas de toilette masculinas, Eau Sauvage impôs-se com uma magistral rapidez. "A forma do Eau Sauvage", analisa o criador, "é a de um chypre tratado com o mesmo rigor depurativo do Dioríssimo". Como ambicionava secretamente, Eau Sauvage iria ter por admiradores tanto os homens como as mulheres, inscrevendo-se, comsequentemente, a partir de 1956, como o chefe de fila das águas de toilette "mixtas" às quais estava prometida uma longa carreira. Com efeito, quando o Eau Sauvage foi lançado, toda a gente começou a usá-lo, ainda por cima numa época em que, devido às preocupações ecológicas, se começava a aplaudir tudo o que falasse de pureza natural e de natureza "selvagem". Sinônimo de frecura, de simplicidade, mas igualmente de elegância discreta, Eau Sauvage beneficiou ainda de uma invenção tecnológica: Edmond Roudnitska inouvou ao utilizar na respectiva composição a hedione, uma substância que tem o poder de valorizar as notas que a acompanham. Com a idade de quarenta anos, Eau Sauvage, primeiro perfume masculino da casa Dior, continua a caracterizar-se por uma modernidade absoluta. Foi o primeiro perfume masculino mais vendido no mundo durante os últimos 30 anos (assim como o que as mulheres mais compravam), determinado pela audaciosa ilustração de René Gruau: um homem nu a sair do banho, de pé, que se vislumbra atrás de uma porta preta entreaberta.