terça-feira, 31 de março de 2009

3) Dioríssimo- Christian Dior


Um perfume que traz felicidade...

"À força de penenetrarmos as fragrâncias, estas acabam por nos penetrar por sua vez. Alojam-se em nós, chegam mesmo a fazer parte ne nós mesmos", escreveu o grande nariz Edmond Roudnitska, que criou para Christian Dior, em 1956, um perfume de notas frescas florais, de um encanto absolutamente imediato. Com efeito, sao as campainhas do lírio-do-vale que se identifica neste grande clássico floral, apoiado pelo jasmin, pelo lírio e pela amarílis. Apareceu na história dos perfumes como último dos grandes uniflorais, numa categoria que remonta às origens das fragrâncias, inventadas uma a uma para reproduzirem um aroma da Natureza. Foi Jean Cocteau, grande amigo do costureiro, quem teria referido, com grande perspicácia, que o nome de Dior- uma marca de perfeiçao absoluta (no seu ponto de vista)- nao era nada mais nada menos do que uma associaçao mágica entre "Dieu" e "or" (Deus e ouro): temos assim os nomes perfeitos desses pefumes que declinam com talento o patronímico do mestre. Dioríssimo (nove anos depois de Miss Dior e antes de terem sido criados Diorella, em 1972, e Dioressense, em 1979) é a mais bela ilustraçao. Que se poderá imaginar de mais perfeitamente Dior do que este "-íssimo" que se prolonga em superlatico?
Diz-se que Dioríssimo, deliciosa fragrância lírio-do-vale reinventada, era "como um perfume que coloria as coisas, que conferia uma espécie de eternidade a um chapéu florido deixado sobre uma cadeira de jardim, a um vestido leve que passa, a um iso claro, a uma espécie de cor do tempo". Encarna, principalmente, uma ano antes do desparecimento do inventor do "new-look"- ombros largos, cintura estreita, ancas arredondad
as e uma amplidao excepcional de saia, num estilo que, aliás, em 1954 teria uma variante conhecida pelo nome de "linha lírio-do-vale"-, uma imagem inesquecível tornada lendária.



Foi neste fraco Bouquet (à direita) de cristal Baccarat, de tiragem limitada - inspirado, segundo se diz, num lustre barroco dos saloes da casa de alta-costura da Rue Montaigne, que Dioríssimo fez a sua entrada no mundo.











segunda-feira, 30 de março de 2009

2) STEPHANOTIS- FLORIS



UMA FRAGRÂNCIA DE UMA RARIDADE EXTREMA

Foi em 1730 que um jovem espanhol de Minorca, de nome Juan Famenias Floris, desembarcou em Londres com a intençao de abrir uma perfumeria para a alta sociedade. Encontrou o local dos seus sonhos no nº89 da Jeremy Street, uma pequena rua em que sucediam as mais requintadas lojas de vestuário para homem. Hoje em dia decorada com brasoes da família real, o da rainha e o do príncipe herdeiro, a tabuleta de Floris indica ainda a mesma loja com balcoes brilhantes, enquadrados de madeiras patinadas, nos quais se alinham preciosos frascos. Os aromas que Floris imaginara caracterizavam-se pela marca nostálgica do seu país natal, destacando-se a alfazema e a flor de laranjeira, o jasmim e o jacinto selvagem. Celebrado grande perfumista da Londres de todas as elegâncias, Floris conheceu rapidamente o êxito. A gama mais antiga de Floris perpetua um trio de fragrâncias intemporais, das quais se destacam duas águas de toilette memoráveis: alfazema e rosa com musgo. Os insubstituíveis frascos em caixas azuis-escuras com uma coroa dourada encerram uma sucessao de fragrâncias tipicamente inglesas- contavam-se mais de cento e setenta e cinco no reinado de Eduardo IV-, entre os quais se distinguem, nomeadamnete, Santalwood (sândalo), Ormonde (feto), Lilly of the Valley (lírio-do-vale) e Malmaison (cravo), um Geranium extraordinário e, principalmente, um Stephanotis raríssimo: este "bouquet de noiva", como simbolicamente lhe chamam, provém de uma flor branca típica, a stephanotis, cuja fragrância é particularmente cativante.





A única loja Floris da Europa está situada em Londres. Existem mais duas no mundo (Nova Iorque e Kobe, Japao), onde se encontra o Stephanotis.

domingo, 29 de março de 2009

1)EAU D'HADRIEN - ANNICK GOUTAL


Na perfumeria, chama-se "nariz" ao criador ou à criadora de uma fragrância, àquele ou àquela que, no silêncio e no segredo do laboratório, inventa essa harmonia particular, essa sinfonia olfativa, que, depois de batizada, de embalada, de acondicionada, se tornará um perfume. Muito frequentemente, os narizes sao desconhecidos do grande público pela simples razao de que, em geral (com a notável excepçao da dinastia Guerlain), trabalham para laboratórios aos quais as grandes marcas da alta-costura conferem depois identidade. Todavia, alguns narizes conseguem franquear a barreira do anonimato, tal como Roudnitska, o criador de Eau Sauvage de Dior, Jean Karléo, que esteve muitos anos ligado à casa Patou, ou ainda Jacques Polge, o nariz Chanel.
Deste modo, a corrente elitista dos artesaos perfumistas transmitiu prestígio a narizes independentes que reivindicam a respectiva personalidade. É o caso de Annick Goutal, que se tornou um grande nome fa perfumeria e é um nariz autodidacta. Inspirada por uma obra de paixao e de sensibilidade, que ela alimentou de sensaçoes aprendidas junto da Natureza, Annick Goutal criou peça a peça um universo perfumado de uma delicadeza requintada.
Hoje em dia desaparecida, perdurará na loja da rua Castiglione, em Paris, ilhéu feérico requintado onde se encontram as fragrâncias mágicas que a perfumista concebeu ao longo da sua carreira (Sables, Passion, Grand amour, Heure exquise, ou Ce Soir ou Jamais). O Eau d'Hadrien permanece o maior dos seus êxitos: aliança sutil, conquanto persistente, de fragrâncias hesperídeas, verdes e afrutadas, que aliam frescura e enternecimento. Reconhecíveis entre todos, os frascos de vidro baço e ouro velho, com tampa papillon, inseridos em bolsas de veludo ou de gaze dourada, inspiram-se num modelo criado em 1925.





Um ponto em comum entre Sharon Stone, Philippe Noiret, Leonardo di Caprio, Céline Dion e o príncipe Carlos: Eau d'Hadrien.













O encanto precioso e delicado dos saloes de perfumes de Annick Goutal aureolados de ouro.