quinta-feira, 23 de abril de 2009

17) Boucheron

A MAGIA DE UM ANEL

Foi em 1988 que Alain Boucheron, filho, neto e bisneto de joalheiros, decidiu lançar um perfume que batizou com o nome da famosa casa da Place Vendôme. Desde que foi lançado, impôs-se logo como um êxito de vendas. Boucheron é um perfume luminoso e voluptuoso, floral e semi-oriental. A nota de cabeça possui o brilho dos frutos do sol: tangerina, bergamota, flor de laranjeira, com um toque de manjericao. No coraçao da fragrância, um bouquet de flores arrebatadoras: ilangue-ilangue, jasmim, tuberosa...
A esteira é ambarina e com aroma de madeiras: sândalo, patchuli, baunilha. O primeiro perfume-jóia de Boucheron nao podia ser senao um anel, a jóia por excelência, símbolo do amor desde a noite dos tempos. As mulheres descobrem-no com supresa e maravilhamento. O frasco foi desenhado nas oficinas de joalheria na Place Vendôme em Paris. A sua surpreendente concepçao segue de muito perto a dos anéis contemporâneos da casa: um aro que evoca o cristal de rocha, com ornatos que formam linhas paralelas trabalhadas em relev
o no material, e uma tampa-cabuchao azul da Birmânia, o azul intenso das mais belas safiras do mundo. Coloca-se sobre o toucador como um anel e aconchega-se na palma da mao. Está discretamente assinado no interior, tal como uma jóia.
Desde entao, em todas as criaçoes de perfumes de Boucheron, reencontramos a personalidade da marca e respectivos sinais de reconheciemento: o ouro, o cristal de rocha, o mesmo tipo de ornatos, o cabuchao de safira, o azul, cor fetiche da casa. Assim, todos os perfumes Boucheron, para senhora ou para homem, sao identificados logo no primeiro olhar.

terça-feira, 21 de abril de 2009

16) Fracas (Robert Piguet)


O RENASCER DE UMA LENDA

Raros sao os perfumes que ousam explorar a fragrância obsessiva da
tuberosa, da qual Émilie Zola dizia que tinha "um aroma quase humano". Terminada a guerra, o costureiro Robert Piguet pediu a Germaine Cellier, um dos raros narizes femininos da profissao (à qual se deve igualmente o célebre Vent Vert de Balmain), que lhe criasse uma essência exclusivamente de tuberosa, uma flor siave e penetrante, levemente alaranjada, que até entao apenas entrava nas composiçoes em quantidades ínfimas, de tal modo o seu odor é violento e penetrante.
"Em Paris durmo sob a sua guarda. De uma única haste florida nasce e se espraia uma nuvem de sonhos, um repouso sem perigos", escrevia Colette, para celebrar o nascimento de Fracas, esse imenso perfume "branco" surgido em 1948. Poucas pessoas se lembram de Robert Piguet e da sua moda, mas, no entanto, foi ele quem lançou o "vestido preto" que todas as mulheres têm no guarda-roupa. Subsiste dele a imagem de um costureiro "bastante protestante de aspecto, mas de humor mordaz", segundo Hélène Rochas, que basea toda sua coleçao outono-inverno de 1944 no tema do bandido. As suas modelos desfilaram com máscaras no rosto, armadas de punhais e de revólveres, aureoladas com os eflúvios sensuais do seu primeiro perfume, Bandit! Esta mistura estonteante de jasmim e de cravo fez imediatamente furor. Quantro anos mais tarde, novo alvoroço com Fracas, um perfume que se tornou mítico por várias razoes. Nao que tivesse sido um grande êxito comercial, mas a lenda que deu origem foi tao forte, que inspiraria criaçoes como Chloé de Karl Lagerfeld ou Poison de Christian Dior, Fragile de Jean-Paul Gaultier e, principalmente, Tubéreuse Criminelle, concebido por Serge Lutens por Shiseido.

Conta a lenda que Robert Piguet, que dedicou o perfume a Edwige Feuillère, apenas cheirava os perfumes no sexo dos manequins, pois achava que era nessa parte do corpo que as mulheres melhor exalavam feminilidade a sensualidade... Quanto ao rasto magnético da tuberosa tal como se exprime em Fracas, desapareceu do solo francês em 1953, com a morte de Robert Piguet, ao mesmo tempo que a casa so costureiro. Fracas e Bandit passaram entao para as maos de distribuidores canadenses e norte-americanos, que tentaram um regresso desastroso a Paris, em 1989, voltando depois para a costa leste dos Estados Unidos, onde recobraram um segundo fôlego, Fracas foi anunciado na imprensa como the greatest French Parfum ("o maior perfume francês"). Entao, as americanas ressuscitaram o mito. A partir de entao, encontram-se em várias lojas nova-iorquinas. Escreveu Catherine Jazdzewski, na Vogue, onde estudou de perto o "caso Fracas": "Assim que franqueamos a porta de Neiman Marcus ou de Saks sentimo-nos mal, com a cabeça à roda, o coraçao que bate, as pernas que fraquejam. Ficamos drogadas pelo odor capitoso de uma tuberosa."
Outrora abundante na Côte d'Azur, a tuberosa foi desaparecendo em virtude da especulaçao imobiliária e apenas se encontra na Índia. É por intermédio da antiga e dispendiosa técnica de enfleurage que se extrai das pétalas esse odor único de néctar venenodo, absolutamente envolvente.


quarta-feira, 15 de abril de 2009

15) Rochas Man (Rochas)

UMA HISTÓRIA DE HOMEM


Em 1949, teve início uma história de homem para casa Rochas. Marcel Rochas imaginou um perfume masculino insólito, forte, e "picante", chamado Moustache. Durante duas décadas, figuraria à cabeça da perfumeria masculina mundial. Outros teniam adormecido sobre este passado glorioso, mas Rochas estava decidido a retomar o único caminho que o conduzia além do inimaginável...
Sucedendo a Monsieur, a Macassar, a Globe e a Eau de Rochas, Rochas Man fez a sua entradano dealbar do novo milênio...
A partir de entao, foi um homem livre que viu a luz do dia. O homem Rochas escolheu definir os seus próprios valores e é com uma gravidade divertida que contempla os sobressaltos do mundo, contando apenas consigo próprio para avançar e evoluir. A vida ensinou-lhe que os opostos acabm sempre por se atrair e que a virilidade, levada ao seu paroxismo, poderá alcançar uma feminilidade das mais sutis. Intemporal e vanguardista, Rochas Man escolheu dizer sim ao que encerra em si e enlaçar todas as facetas que fazem da vida de um homem uma eterna evoluçao.
Primeira olhadela, primeira surpresa: o frasco de Rochas Man desfere um golpe no espaço como uma adaga moderna, simultaneamente fora do tempo e rigorosamente atual! uma obra de arte contemporânea que tivesse atravessado três milênios... Matéria tácteis- vidro baço e aço escovado- encontram-se num diálogo harmonioso e fulgurante. Com esse seu ambarino fresco, Rochas Man celebra as núpcias do fogo e do gelo. Um perfume fulminante pela audácia da sua construçao, que congrega, de forma magistral, duas fragrâncias constratantes, a alfazema e um moca profundo de aroma forte e odorífero, um acorde inédito.
Inesperado, independente, insubmisso, senhor da sua energia e das próprias escolhas, Rochas Man anuncia o despontar de uma nova era em que o homem é mais do que nunca o herói da sua própria história.

14) Gardénia (Chanel)


O GRANDE PRINCÍPIO DA INOVAÇAO

As grandes flores odoríficas da gardênia, muitas vezes brancas ( e que devem o nome a um botânico escocês de patronímico predestinado, pois que se chamava Garden), nao costumam ser utilizadas tao frequentemente na perfumeria como a rosa, o jasmim, o lñirio-do-vale ou a tuberosa. Mesmo assim, em 1925 e do indispensável Cuir de Russie de 1924, Mademoiselle impôs um magistral unifloral, tanto mais surpreendente quanto, na época, estavam mais na moda os perfumes ambarinos, com aroma a especiarias, quentes e por assim dizer exóticos e coloridos. Depois de ter iniciado a era enfeitiçadora dos perfumes de alta-costura, impôs, com Gardénia, um perfume floral, terno e sedutor, em que se encontram, em torno da predominante gardénia, toques de coco, de violeta e de baunilha, toques estes conferidos pelas fragrâncias de síntese, que transmitiram alma e modernidade a todos os perfumes criados desde o início do século XX. Coco Chanel atravessou este século com classe, com golpes de tesoura e de idéias inovadoras. A sua definiçao de elegância é muito simples: "a liberdade de nos movermos". "Era jovem e tinha a audácia de o parecer", lê-se precisamente em Les Mémoires de Coco,de Louis de Vilmorin. Todavia, a elegância é também pontuar justamente um porte com os pormenores que fazem a diferença: jóias falsas e perfumes verdadeiros. Tal como Gardénia, que, mesmo menos conhecido do que os célebres Chanel Nº5 e Nº19 (o último perfume lançado no tempo de Gabrielle Chanel), ocupa, nesta mesma veia floral, um lugar de escolha na fabulosa herança dos perfumes Chanel.

domingo, 12 de abril de 2009

13) Acqua di Giò (Giorgio Armani)




Número um do prêt-à-porter de luxo em Itália, um país onde o ritmo de lançamento de perfumes é o mais elevado da Europa, o costureiro Giorgio Armani domina de longe esta paisagem que, por vezes, parece um pouco saturada. Depois de ter inicialmente trabalhado com Nino Cerruti, "Gorgeous George", como a revista americana chamou, revolucionou a moda masculina antes de se dedicar à criaçao feminina, tornando-se um símbolo de elegante descontraçao e de segurança de gosto. Os perfumes que lançou, para homem e senhora, inscreveram-se imediatamente no pelotao de vanguarda das fragrâncias famosas.
Giorgio Armani declara gostar da "moda que nao se vê" e de "um estilo de perfumes fluidos e sóbrios, elegantes e modernos". Tendo escrito com a própria mao as três letras do ser diminutivo- Giò -, o costureiro criou primeiramente, em 1992, um floral frutado, para o qual desenhou igualmente o frasco, simplicíssimo. Com Acqua di Giò, a inspiraçao ajusta-se ainda mais ao sono de evasao do qual impoe os contornos: refere ter descoberto a alma do perfume em Pantelleria, uma ilha siciliana entre o céu e a água. "O Sol aquece-a, o mar esculpe-a, é doce e amarga, recamada de açucar e de sal." A abrir, ervilhas-de-cheiro aciduladas respiram as neblinas marinhas. No coraçao, o jasmim rivaliza em frescura coma frésia e o jacinto branco. No final, um acorde de madeira almiscarada exala a sensualidade do perfume. Por fim, para concretizar essa idéia de frescura, símbolo de uma epoca que adora a pureza e a vastidao do mar, Armani encerra o perfume num frasco entre o jade e o verde-claro e confere ao estojo uma cor marinha.





Giorgio Armani gosta dos perfumes fluidos, modernos e sóbrios, despidos de artifícos, que exprimam as emoçoes em tamanho real.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

12) Tubéreuse criminelle (Shiseido)


A atividade de Serge Lutens, criador das coleçoes da casa japonesa Shiseido, é de uma singularidade notável. Criador de jóias e de maquiagens, assina perfumes que define preferentemente como emoçoes olfativas, que possuem uma força, um caráter e sobretudo os traços de uma personalidade. No quadro luxuoso dos saloes do Palais Royal, encontram-se assim "águas amadeiradas" e "água antigas", assim como duas outras séries, as Somptueux e as Fleurs nobels, entre as quais a sublime Tubéreuse criminelle. Serge Lutens precisa: "a carne leitosa, espessa, cremosa destas flores me faz lembrar as mulheres pálidas amadas, descritas por Charles Baudelaire. Magoadas com um toque, estas pesadas pétalas ficam marcadas com uma imperceptível tonalidade oscilante de malva agonizante a sépia desfalecido, tal como a das olheiras que se esboçam. Profano e sagrado, o seu pujante perfume envolve mais do que se cheira. Mal a noite cai, a tuberosa exala a sua armadilha capitosa, que, mal se percebe, logo se fecha."
Para sublimar esta fragrância sem a trair, o criador recompôs o perfume da tuberosa (à esquerda)- "o aroma violento que brota da inflorescência em cachos desta flor de mel, frutada de paixao e de rosa"- tal como o aspiramos numa noite de verao. Afirma-se,prossegue, pelo "terno coraçao da flor de laranjeira, das pétalas de jasmim e das da tuberosa numa quantidade insensata, assim como do almíscar que tudo torna maravilhoso; pouco de baunilha, aqui se arredonda: do Oriente pelo styrax, que se vê penetrado de noz-moscada e de cravo-da-índia ; depois dos verdes do jacinto que o evocam na frescura noturna."







Serge Lutens concebe a perfumeria como uma das belas-artes:uma alquimia poética e artística.





quarta-feira, 8 de abril de 2009

11) Eternity- Calvin Klein


UM BOUQUET DE FLORES BRANCAS

Imaginado pelo estilista americano que se declara ligado aos valores tradicionais do casamento, Eternity anuncia-se como "o perfume que celebra o amor eterno". Pelo contrário, Obsession, o seu primeiro perfume, lançado em 1985, explorava o tema erotismo e da sensualidade. Eternity nasceu de uma idéia de Calvin Klein, que se inspirou em duas grandes histórias de amor. A sua própria história, misturada com a do duque de Windsor. Com efeito, Calvin Klein, para celebrar o casamento, colocou no dedo de sua futura mulher a aliança que pertencera ao duque e que este dera como prova de amor à mulher com quem se casara e por quem abdicara do trono. No interior desta aliança encontrava-se gravada a palavra eternity. Um símbolo que Calvin Klein decidiu oferecer às mulheres que usassem o perfume. Eternity é um bouquet de flores brancas, realçado de notas verdes, de especiarias e amadeiradas: frésia, tangerina e salva como nota de cabeça, lírio-do-vale, narciso, lírio branco e calêndula como nota de coraçao, patchuli, sândalo e âmbar como nota de saída. Nada poderia simbolizar melhor a pureza que as flores brancas, o lírio-do-vale como aroma verde, o narciso delicado e o opulento lírio branco. Calvin Klein costuma definir assim sua criaçoes: "O puro, o moderno e o simples, é o que eu faço de melhor". Quem poderá duvidar que estes três qualificativoscorrespondem perfeitamente a este "perfume de eternidade", de uma diafaneidade virginal, inscrito num regresso aos "verdadeiros valores". Apresentado num frasco desenhado por Pierre Dinand, feito de transparência e de pureza geométrica, Eternity classifica-se deliberadamente na categoria dos grandes perfumes românticos.



Este "perfumes de eternidade" inscreve-se num regresso aos "verdadeiros valores" do amor, da felicidade e do casal.



Num frasco de grande pureza geométrica, a fragrância floral de Eternity é realçada pela salva como nota de cabeça.(abaixo)




terça-feira, 7 de abril de 2009

10) Jicky (Guerlain)



A MAGIA DE UMA FRAGRÂNCIA NOVA

Em 1864, quanod os filhos Guerlain sucederam ao pai, Pierre-François-Pascal, o fundador da casa, as funçoes foram naturalmente distribuídas:o mais novo, Gabriel, assumiu a direçao da firma e o mais velho, Aimé, instalou-se em frente da paleta de perfumes. Depois de se ter ilustrado com Fleur d´Italie e Escellence, foi co o revolucionário Jicky, a sua primeira verdadeira obra-prima, que causou escândalo em 1889. Primeiro perfume moderno, ainda atualmente comercializado, Jicky marcou o nascimento da perfumeria contemporânea. Foi um dos primeiros a utilizar produtos de síntese, entre os quais a cumarina com odor a feno e principalmente a vanilina, aldeído isoaldo da baunilha. Todavia, na época, a moda e o bom-tom exigiam que os perfumes femininos fossem como um reflexo das flores, de aromas finos e doces que se assemelhassem o mais possível aos de una rosa, deuma violeta, de um jasmim ou, melhor ainda, ao de um bouquet sabiamente composto. Ora, Jicky era um aroma novo, indefinível, que nao se assemelhava a qualquer bouquet conhecido: semi-oriental, aromática, evoca um bailado olfativo entre a alfazema e a bergamota, onde um toque de civete surpreende e choca, tanto mais que o calor das especiarias quentes, baunilha e fava-tonca, lhe confere um desenvolvimento sensual e avassalador. Quando foi lançado, Jicky, concebido para a mulher, foi adotado pelos homens: com efeito, foram os dandies que se apaixonaram por esta fragrância difícil de identificar, vigorosa e original, antes de a imprensa feminina, em 1912, lhe ter elogiado finalmente o seu justo valor.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

9) Blenheim Bouquet - Penhaligon's


UMA DUPLA FRAGRÂNCIA INÉDITA.


Quando William Henry Penhaligon abriu um salao de cabeleireiro em 1870, no bairro londrino de Saint James, nao longe dos banhos turcos frequentados pelos gentlemen da City, fê-lo para oferecer a uma clientela desafogada, que lá ia aparar a barba ou o bigode, aromas tao vivificantes como requintados. Dois anos após a sua criaçao, a casa lançou Hamman Bouquet , uma água de toilette para homem que unia as fragrâncias elitistas da rosa da Bulgária, do jasmin e do sândalo: foi o triunfo absoluto! Isto faria do Penhaligon o fornecedor privilegiado dos grandes burgueses londrinos, dos políticos e dos banqueiros (antes de ser tornado o fornecedor favorito do duque de Edimburgo).
Foi em 1902 que apareceu no catálogo da casa esta água de toilette que se tornaria lendária, Blenheim Bouquet, dedicada a Winston Churchill. Dois aromas inéditos transmitiam-lhe caráter: o pinheiro e o limao verde. Uma aliança simultaneamente clássica e original, discreta mas bem presente. Hoje em dia, continua a ser o mais vendido dos perfumes masculinos da Penhaligon, uma casa que quase desapareceu com a agitaçao dos bombardeios de Londres e quase caiu no esquecimento depois da Segunda Guerra Mundial. Porém, ressuscitou em 1975 e, graças aos diários íntimos de sir Penhaligon, arquivos insubstituíveis onde se encontram registrados todos os seus trabalhos, as preciosas fórmulas originais destas preciosas águas de toilette inglesas puderam reviver nos seus tao característicos frascos.
Entre os grandes êxitos da marca, será preciso citar Night Scented Stock, com um sutil perfume de cravo-de-índia, Jubilee, de casca de nogueira, e Bluebell, de jacinto selvagem.






Embora tenha o nome do local de nascimento de Churchill, este perfume foi criado originalmente para o duque de Marlborough.
















Muito apreciada pelos homens, esta água-de-colônia seduz,
atualmente cada vez mais mulheres.

domingo, 5 de abril de 2009

8) Polo - Ralph Lauren



O CHIQUE DA NOVA INGLATERRA

A família dos perfume esportivos, com estas fragrâncias revigorantes e refrescantes, na linha das águas de colônias estimulantes que trazem ao domínio dos aromas inebriantes grandes lufadas de ar fresco, tem sido enriquecida ano após ano com criaçoes que se colocam de imediato sob o signo dos esportes priviligiados: as grandes regatas, os concursos hípicos de obstáculos ou, mais elitista ainda, o pólo.
Originalmente, Ralph Lauren, a quem chamavam o "cowboy dos costureiros norte-americanos", em virtude dos seu gosto pelas calças de ganga, pelas botas de cano alto e pelos casacos de camurça, pretendia simplesmente conferir um novo fulgor à moda western tradicional, ele que, filho de imigrantes judeus da Rússia, começara a carreira a vender gravatas no Bronx. O estilo que saberia impor na década de 80 do século transacto é imediatamente reconhecível: apresenta-o nas suas campanhas publicitárias ao pôr em cena as famílias americanas da classe branca dominante, felizes e desafogadas, com moças um pouco distantes, de uma displicência andrógina, e com rapazes altos, louros, vestidos de tecidos brancos, com casacos de tweed ou com calças azul-marinho. Diz o criador, sem hesitaçoes: "Nao gosto da moda, gosto da roupa que nunca sai da moda" . Nao teria sido por acaso que escolheu como logotipo para todas suas criaçoes e, evidentemente, como referência última de seu perfume- se poderemos classificar assim essa fragrância fresca, volátil e muito pouco "vestida"-, um jogador de pólo em plena açao: é o mito puramente "Nova Inglaaterra" de uma classe social cuja estética se mede de acordo com o seu estatuto social.

sábado, 4 de abril de 2009

7) Must (Cartier)

O IMPERATIVO DO PERFUME





Uma palavra que estala como uma ordem, um patronímico que simboliza o luxo e uma fragrância amadeirada oriental que está longe de passar desapercebida: Must, lançado pela casa Cartier em 1981, marcou a sua época com um impacto notável.



Foi no início da década de 70 que esta palavra inglesa apareceu nos dicionários franceses e que, no vocabulário corrente, significa "o que há de melhor". Quando se possui uma reputaçao de grande joalheiro, de criador de jóias e de relógios de pulso legendário, o perfume constitui manifestamente outra faceta deste universo elitista dedicado à matérias mais nobres. A exemplo de Van cleef & Arpels, de Boucheron, de Tiffany ou de Bulgari, a Cartier uniu numa mesma progressao mítica as jóias e os perfumes. Must convém aos caracteres bem temperados, agrada às mulheres que, mesmo nao sendo fatais, quando muito se sentem inspirada pela beleza dos materiais, pelo rigor e pela pureza das linhas. Nao nos podemos impedir de estabelecer um paralelo entre Must e as jóias fabulosas criadas por Louis Cartier, inspirando-se num bestiário incrível no qual, ao lado dos escaravelhos e dos flamingos, a pantera de safiras e de brilhantes ocupam um lugar de sonho. As fragrâncias invocadas por Must reúnem uma aliança aprisionadora de jasmim e de rosa de Bulgária, de bergamota, e de flor de laranjeira, de baunilha e de sândalo, que se vê reforçada briosamente por dois "ingredientes", as duas notas animais de âmbar cinzento e do almíscar do Tibete. A aura afrodisíaca do âmbar, que confere aos perfumes um calor voluptuoso, assim como a nao menos triunfante do almíscar, que lhe acrescenta uma densidade quase carnal, transmitem ao Must uma esteira felina, que agrada às mulheres de caráter. Quanto à armaçao de ouro do frasco de joalheiro, apenas deixa adivinhar perfeitamente a riqueza do perfume.










Must Masculino... normalmente para clientes fiéis que o preservam como um segredo.

















sexta-feira, 3 de abril de 2009

6) Mitsouko (Guerlain)



O gênio criador de Jacques Guerlain, neto do fundador da dinastia, fora já tornado claro com Après l'ondée, em 1906, e com l'Heure Bleue, em 1912. Em 1919, após a terrível prova que a Europa acabara de atravessar, quando chegou o momento de recuperar o temp perdido, Mitsouko causou sensaçao. As mulheres "arrapazadas", de silhuetas finas e cabelos esticados sob um chapéu em forma de sino, praticavam desporto, fumavam e dirigiam automóveis. Perfume favorito de Sergei Diaghilev, Mitsouko entusiasmou Paris. Jacques Guerlain lembrou-se do entusiasmo coletivo no início do século XX pelo Japao e das paixoes romanescas descritas em Madame Butterfly ou no romance de Claude Farrère, la Bataille, cuja heroína, a famosa Mitsouko, mulher de um almirante japonês, se apaixona por um oficial da marinha britânico durante a guerra sino-russa...Na verdade, Mitsouko é um perfume radiante. A fórmula curta, simples e requintada, é uma obra-prima de equilíbrio: um rebento de chypré frutado que se destaca de um fundo que se destaca de um fundo ambarino, realçado por aromas florais e por notas amadeiradas. Foi a primeira vez que foi sintetizada esta nota frutada, gulosa, da qual Femme de Rochas fará mais tarde uma utilizaçao bastante assinalada.
Mitsouko situa-se diretamete na categoria dos outros chyprés da casa Guerlain (Eau de Chypre, de 1850, e Chyprissime, de 1894), embora a sua característica se radique no seu aroma facilmente identificável de musgo de carvalho com um toque amadeirado e a especiarias, complementado por um maravilhoso perfume de pêssego que vem sublinhar as notas de bergamota, de rosa e de jasmim que se destacam de um fundo de âmbar-cinzento.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

5) Romance- Ralph Lauren



Romance é uma fragrância americana absolutamente adorável: uma garota em um vestidinho leve da Ralph Lauren. O gênero de Romance é a especialidade do perfumista Harry Frémont, que destila perfeitamente o luxo americano de-pele-clara-e-dentes-brancos, a especialidade de Lauren.
Uma homenagem ao amor romântico e eterno, Romance é um perfume de momentos íntimos e os simples prazeres da vida. Mistura-se as qualidades de um clássico perfume floral com a sutileza de uma moderna fragrância.A rosa criada pelo perfumista - que também é um botânico - está no centro desta composição. A flor tem um cheiro característico citros. Ralph Lauren recebeu a planta como um presente pois tão somente duas pessoas no mundo tem essa flor em seus jardins.O apaixonado e gracioso anúncio introduz novidade com o "nose kiss", que os franceses se referem como o beijo esquimó, enquanto que o anúncio para o homens do perfume comunica o conceito de "neck kiss".
A fragrância chama a sua pureza, graça e suavidade da flor lótus transparente, o inebriante lírio branco e a romântica violeta.
Amadeirado refrescante, com notas de gengibre, camomila, freesia, violeta branca, patchouli, musgo de carvalho e almíscar.
O frasco, apesar da sua simplicidade, foi de uma elaboraçao demorada e de difícil decisao. Assim como toda Arte Minimalista, o simples pode ser muito complicado, e encontrar um frasco simples porém elegante, rendeu 2 anos e meio de arquitetura.
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Romance for woman se tornou um best-sellers perfumes no mercado americano pouco depois que foi introduzido

quarta-feira, 1 de abril de 2009

4) BRUT (FABERGÉ)


Há ainda pouco tempo, o mercado de perfumes para homem era bastante reduzido, contando apenas com produtos destinados a uma clientela escolhida, da qual se reconheciam as fragrâncias típicas de um país para outro. Havia Moustache de Rochas em Fraça, o primeiro perfume para os homens modernos do pós-guerra, Aqua di Silva em Itália, uma "água de floresta" perfumada com pinheiro, o aroma do Old Spice nos Estados Unidos, substituído pelo original Tabac na Alemanha, enquanto os ingleses se mantinham fiéis às águas-de-colônia herdadas do século anterior, largamente dominadas pela alfazema. O grande início da perfumeria masculina encontra-se ligado, sem sombra de dúvida, à famosíssima Eau Sauvage que Dior lançou em 1966 e cujo papel inovador foi evidente. Todavia, seria nos Estados Unidos que a moda nasceria verdadeiramente, dois anos antes, com Brut de Fabergé: um acorde de notas verdes sobre fundo almiscarado e amadeirado. A sua imagem, voluntariamente provocadora e "sexualizada", entrava em ruptura total com o elitismo esmerado das águas-de-colônia para uma noite de cerimônia. Brut exaltava a virilidade e a força masculina, através de uma forma de violência natural, liberta e moderna. Escrevia J. Vignaud em Sentir: "Brut de Fabergé é o primeiro perfume a levar em conta as transformaçoes sociais e a libertaçao dos costumes. O homem atual ao qual se dirige deixou de ser o homem requintado, respeitador dos rituais complicados de um quadro de vida singular, mas simplesmente um homem, um indivíduo abstrato, para além de todas as classes, simultaneamente único e universal, que, em resumo, apenas se define pelo seu sexo".