quarta-feira, 8 de julho de 2009

21) Arpège (Lanvin)



A ELEGÂNCIA DE UMA MELODIA PERFEITA

A mais velha de onze irmaos, Jeanne Lanvin, a quem Louise de Vilmorin chamaria "a encantadora", começou a trabalhar aos onze anos como paquete e depois como costureira e modista. Foi aos 18 anos que começou a trabalhar por conta própria. Em 1895, casou-se com um membro da nobreza italiana. Marguerite, que nasceu dessa uniao (a qual, aliás, duraria apenas 8 anos), desempenharia mais tarde um papel proeminente na alta sociedade parisiense sob o nome de Marie-Blanche de Polignac. Transmitiu principalmente um novo sentido à trajetória de Jeanne Lanvin e à orientaçao de sua criaçao. O amor que nutriu pelas crianças fê-la criar roupa de cores suaves e alegres, acrescentando depois uma linha para crianças. Primeira criadora da sua época a pensar em todas as faixas etárias, com roupa concebida especialmente para cada uma delas, introduziu assim a juvenilidade na moda. O azul Lanvin tornou-se tao célebre como os cortes simples e inovadores, os tecidos fluidos e os coloridos frescos. A partir de 1926, Jeane Lanvin interessou-se também pela moda masculina e fez da sua casa a primeira a dirigir-se a toda a família. Entao, no ano seguinte, numa época em que já era uma grande rainha da moda, a única rival de Coco Chanel, lançou um perfume, o mítico Arpège nascido do desejo de oferecer à filha Margueritem que se tornara uma pianista famosa, um perfume pelos seus 30 anos, "um perfume que dê às mulheres o que a música transmite à vida", segundo as sua próprias palavras. Nesta época, Jeanne Lanvin lançara já uma dezena de perfumes, entre os quais o famoso "My Sin", muito floral, em 1925. Possuía a sua própria fábrica e o seu nariz era o famoso André Fraysse, entao com vinte e cinco anos (criaria mais tarde, em 1933, sempre para Lanvin, o sulfuroso Scandal, que nunca conseguiria destronar Arpège). Raramente um perfume foi mais bem batizado do que este, um floral aldeído, com um bouquet de mais de sessenta componentes, entre as quais a rosa, o sândalo, o almíscar, o jasmim, o lírio-do-vale, o neroli, a bergamota, o vetiver, a íris e a baunilha. A palavra "harpejo" (que vem do italiano arpeggio, "tocae harpa") designa em música um acorde de notas dedilhadas rapidamente: nao se conseguiria descrever melhor esta fragrância poética, elegante e melodiosa, leve como poucas. Armand Rateau, célebre artista da época, que já decorara a residência particular de Jeanne Lanvin, na Rue Barbet-de-Jouy, foi encarregado de criar o frasco, decorado com uma tampa cinzelada: a idéia genial da célebre "bola preta" (que, aliás, originalmente era de um azul profundo, caaro a Jeanne).
O desenho de Paul Iribe, estilizado no espírito Art Déco, representa a mae e a filha em traje de baile, segurando nas maos uma da outra: jamais deixaria de ser a imagem da marca da casa Lanvin.
Desde que foi lançado, Arpège fez a unanimidade. Louise de Vilmorin, para quem era o perfume favorito, descreve-o como "um perfume vivo, milagre da elegância", que "dedilha um bouquet de notas frescas e quentes", "um achado prodigioso, que cheira simultaneamente a flores, a frutos, a peles e a folhas". Colette, no qual lhe diz respeito, acha-o "de um gosto bastante atual". À primeira vista, acrescenta, "tem um ar louro, embora possa parecer que sao as peles morenas que lhe conferem todo o seu poder".

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