sábado, 1 de agosto de 2009

26) Vent Vert (Balmain)


Mal Pierre Balmain acabara de abrir a sua casa de alta-costura, precisamente no fim da guerra, lançou os primeiros perfumes com uma segurança de gosto e uma audácia notáveis. Em 1947, Vent Vert surgiu como um puro golpe de gênio. Ainda hoje continua a ser universalmente comhecido. Isto porque inaugurou, à semelhança do Chypre de Coty ou ao Nº5 de Chanel noutras direcçoes, uma nova linha olfativa: a dos florais verdes. O mercado dos perfumes era entao dominado, prioritariamente, por aromas florais em que dominavam a rosa, o jasmim e outras flores brancas. Todavia, a audaciosa Germaine Cellier, a quem Balmain confiou o cuidado de criar um perfume verde, propositadamente insensato, inscreve-se às mil maravilhas nesta corrente de liberdade e emancipaçao: raro nariz feminino da profissao, mistura os aromas sem preconceitos e ousa fazer associaçoes inesperadas. Colette disse que Vent Vert, com o seu caráter de "vegetal esmagado na mao", fora concebido para agradar "às mulheres endiabradas de hoje em dia". Com efeito, Germaine Cellier criou um líquido à base de gálbano, uma essência originária do Ira, bastante difícil de manejar por ser bastante adstringente. Produzido por plantas herbáceas das regioes desérticas, o gálbano forma concreçoes bastante odoríferas, com uma nota "animalesca", simultaneamente verde e amadeirada. As notas de cabeça de Vent Vert reúnem pois limao, flor de laranjeira e a folha de violeta, ao passo que o coraçao é deliberadamente verde: a parte do gálbano, Germaine Cellier colocou majericao e gerânio, com um toque de jasmim. Por fim, o fundo reencontra uma certa sensualidade com um rastro de sândalo e de lìrio. Retocado em 1990, para adquirir uma maior tenacidade, Vent Vert é um dos perfumes franceses mais originais.


Relicário para o elixir verde, o frasco com um insolente laço verde no bocal dispoe, hoje em dia, de uma tampa que, simbolicamente, se dobra com o vento; o perfume nada perdeu da sua modernidade.

3 comentários:

  1. Adorei o blog... Tbem sou apaixonado por perfumes, frascos, propagandas, a história das marcas e de seus criadores...
    Já está nos favoritos!
    Parabéns Lubi!

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  2. gostei demais.
    vou usar em minha tese de doutorado.
    uma personagem, no conto O Menino, de Lygia Fagundes Telles, usa esse perfume.
    o conto foi publicado em 1949.

    =]

    abraço.grato.

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