domingo, 2 de agosto de 2009

28) Ma griffe (Carven)


UMA HARMONIA PRECIOSA E CONQUISTADORA

"Tudo aquilo de que gosto é verde", disse Melle. Carven, igualmente grande apreciadora de objetos de arte.

Seria em 1945, num apartamento cujas janelas dao para a rotunda dos Champs-Elysées, que Melle Carven abriu a sua casa de alta-costura, ela que até esse momento jamais trabalhara no mundo da moda. Porém, sentia-se animada por uma ambiçao muito original: vestir a mulheres de pequena estatura, que, tal como ela, nao tivessem mais de 1.55 m. Desenharia igualmente inúmeros vestidos de noiva. No livro que Dominique Paulvé dedicou à Carven, ficamos a saber, por exemplo, que concebeu o de Anémone Giscard d'Estaing inspirando-se na admiraçao que a jovem tinha pela princesa de Clèves e pelo estilo dos vestidos do século XVI. Caracterizado por uma elegante frescura e por uma alegria juvenil, o seu estilo impôs-se rapidamente. Seduziu parisienses tao diferentes como Nicole Courcel, Ludmilla Tcherina, Maria-José Nat ou Véra Clouzot. Todavia, a marca Carven foi também o famoso tecido de riscas verdes-claras e brancas, jovem e dinâmico, que ficará para sempre associado à imagem da casa. O vestido que terá este nome, executado neste tecido luxuoso, sem mangas, com um busto estreito, dotado de uma saia ampla e realçado por nés na cintura, conheceria o triunfo. Mal se instalara, Melle Carvem conheceu um homem de negócios que lhe propôs criar um perfume. Foi sem hesitar que teve a idéia de Ma griffe, que se tornou um dos grandes clássicos da perfumaria parisiense, sempre apreciado desde que foi criado devido ao seu poder de seduçao eternamente jovem. No cenário ainda sinistro da França do pós-guerra, eis que apareciam nas montras das perfumarias deslumbrantes decoraçoes às riscas verdes e brancas, que apresetavam um perfume chipre floral, um desses perfumes dos quais Charles Baudelaire dizia que eram "frescos como a pele das crianças, doces como os violoncelos, verdes como as pradarias..."

Uma fragrância delicada e tônica, inspirada nas flores favoritas de Carven: gardênias, jasmins e rosas.

Embora esta encenaçao tivesse contribuído largamente para o êxito de
Ma griffe, este deveu-se ao fato de a fragrância imaginada por Melle Carven possuir uma verdadeira originalidade. Ela própria definiu a sua criaçao como "um perfume de exterior que se deve esquecer de ser capitoso". Tal significa uma aliança conquistadora e preciosa feita simultaneamente de jasmim e de neroli, de musgo de carvalho, de almíscar e de vetiver. Em Souvenir de parfums, Véronique Blamont conta a este propósito o seguinte episódio: o nome de Ma griffe estava já registrado pelas casas Guerlain e Le Chat, mas tanto uma como outra, após serem consultadas, decidiram que a partir daquele momento a Carven podeeria utilizar este nome. O dinamismo de Melle Carven continuaria a manifestar-se nos mais variados domínios. Nao apenas no da moda, pois, no decurso das suas numerosas viagens tinha o hábito de trazer continuamente novas idéias: tal como o do vestido "sambas", que idealizou no Brasil, feito de um plissado sobreposto que conferia ao vestido um movimento espetacular; tal também como a linha "ânfora", que lhe foi inspirada pela civilizaçao egípcia; ou ainda a paleta de cores brilhantes que marcou a sua coleçao depois de uma viagem pelo México. Todavia, a casa Carven lançou-se igualmente na fabricaçao de malhas, de gravatas, de lenços e de jóias. Sempre com "griffe" reconhecível entre todas as outras, no sentido literal, o pequeno pedaço de tecido costurado às peças, com o nome do criador, mas principalmente um espírito particular de juventude, de arrebatamento e de vivacidade colorida.

Um comentário:

  1. Que lindo Lubiana!
    Eu nãos seria uma cliente padrão da maison Carven,pois tenho alguns cm a mais, porém adoro verde, e acho Ma Griffe um clássico dos melhores. Adorei esta resenha,adorei a história da grife.Beijocas. Betty

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