domingo, 2 de agosto de 2009

31) Soir de Paris (Bourjois)




UM PASSAPORTE PARA A CELEBRIDADE


Entre todos os perfumes que, em virtude do seu nome, prestam homenagem à capital francesa, Soir de Paris é, sem sombra de dúvida, o mais original e aquele cuja história é a mais extraordinária e que conheceu o êxito mais evidente. Foi graças aos produtos de maquiagem para atores que Alexandre Napoléon Bourjois fundou, em 1863, a casa que, hoje em dia, continua a usar o mesmo nome e que construiu, subsequentemente, uma fama internacional baseada na sua gama de pós compactos e de maquiagem pastel. Ora, por volta de 1925, Bourjois, que abrira uma sucursal em Nova Iorque, acalentava a esperança de conquistar o continente americano. Verificando que a concorrência era forte no campo da maquiagem, a casa decidiu-se por outra tática: mudar de especialidade. Conhecida pelos seus pós e maquiagens, decidiu lançar um perfume, dado que, neste domínio, a produçao americana era por assim dizer inexistente. Foi assim tomada a decisao de proporcionar às americanas um perfume tipicamente francês, com um nome poético, evocador da festa, um perfume que as fizesse sonhar: seria pois Evening in Paris (o perfume apenas adotaria o nome francês, Soir de Paris, quando foi lançado na França).
O perfume foi lançado em 1929 e o êxito mundial foi imediato. Será preciso referir que os melhores artistas da época rodearam dos maiores cuidadoso nascimento de Soir de Paris. O criador do líquido foi Ernest Beaux, o celebérrimo pai do Nº5 de Chanel. Simultaneamente floral e condimentado, Soir de Paris introduziu de imediato Bourjois no círculo restrito dos grandes perfumistas. É um bouquet de cravo, de jasmim, de lírio e de rosa de Maio, apoiado por alguns toques de vetiver e por uma nota de sândalo: a aliança inesperada do cravo, com um perfume quente e provocador, com a madeira preciosa de sândalo constituiu um verdadeiro achado. Para realçar esta harmonia sutil de aromas, Bourjois mandou fabricar uma pequena jóia pelos vidreiros Brosse: frasco Art Déco de um azul-cobalto verdadeiramente suntuoso e revolucionário, pois a cor azul era entao inédita na perfumaria. Pelo seu lado, o ilustrador Jean Helleu desenhou uma etiqueta plena de poesia, semeada de estrelas e com uma lua em quarto crescente, um convite ao divertimento numa noite tremeluzente de luzes. Primeiro perfume que se dirigiu mais diretamente às classes médias, numa vontade de tornar acessível a todas as mulheres a qualidade de um grande perfume. Soir de Paris conheceu o triunfo ao beneficiar de meios de lançamento consideráveis para a época. Um frasco azul, uma etiqueta prateada, um nome com uma sonoridade única: a partir desta lenda, Bourjois quis reinterpretar Soir de Paris à luz da década de 90 do século passado. Seria François Demachy quem reinventaria o espírito: se bem que as bases de construçao tenham permanecido fiéis às de 1929, Soir de Paris 1991 encontrou um novo equilíbrio nas suas notas floridas, pontuadas por notas frutadas e amadeiradas sobre um fundo abaunilhado, para lhe conferir o caráter resinoso dos perfumes intemporais.

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