quinta-feira, 9 de abril de 2009

12) Tubéreuse criminelle (Shiseido)


A atividade de Serge Lutens, criador das coleçoes da casa japonesa Shiseido, é de uma singularidade notável. Criador de jóias e de maquiagens, assina perfumes que define preferentemente como emoçoes olfativas, que possuem uma força, um caráter e sobretudo os traços de uma personalidade. No quadro luxuoso dos saloes do Palais Royal, encontram-se assim "águas amadeiradas" e "água antigas", assim como duas outras séries, as Somptueux e as Fleurs nobels, entre as quais a sublime Tubéreuse criminelle. Serge Lutens precisa: "a carne leitosa, espessa, cremosa destas flores me faz lembrar as mulheres pálidas amadas, descritas por Charles Baudelaire. Magoadas com um toque, estas pesadas pétalas ficam marcadas com uma imperceptível tonalidade oscilante de malva agonizante a sépia desfalecido, tal como a das olheiras que se esboçam. Profano e sagrado, o seu pujante perfume envolve mais do que se cheira. Mal a noite cai, a tuberosa exala a sua armadilha capitosa, que, mal se percebe, logo se fecha."
Para sublimar esta fragrância sem a trair, o criador recompôs o perfume da tuberosa (à esquerda)- "o aroma violento que brota da inflorescência em cachos desta flor de mel, frutada de paixao e de rosa"- tal como o aspiramos numa noite de verao. Afirma-se,prossegue, pelo "terno coraçao da flor de laranjeira, das pétalas de jasmim e das da tuberosa numa quantidade insensata, assim como do almíscar que tudo torna maravilhoso; pouco de baunilha, aqui se arredonda: do Oriente pelo styrax, que se vê penetrado de noz-moscada e de cravo-da-índia ; depois dos verdes do jacinto que o evocam na frescura noturna."







Serge Lutens concebe a perfumeria como uma das belas-artes:uma alquimia poética e artística.





Nenhum comentário:

Postar um comentário